12 de setembro de 2010

Som & fúria


 O bem de um livro reside em ser lido. Um livro é feito de signos que falam de outros signos, os quais por sua vez falam das coisas. Sem um olho que o leia, um livro é portador de signos que não produzem conceitos, e portanto é mudo. Esta biblioteca nasceu talvez para salvar os livros que contém, mas agora vive para os sepultar. Por isso tornou-se fonte de impiedade. O despenseiro disse que traíra. Assim fez Berengário. Traiu. Oh, que dia horrível, meu bom Adso! Cheio de sangue e de ruína. Por hoje já chega. Vamos nós também a completas, e depois vamos dormir.
 

Umberto Eco – O Nome da Rosa

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