14 de dezembro de 2007

As letras do Brasil segundo Nejar



"Segundo alguns, Olavo Bilac foi um versemaker de talento e graça, com o que discordamos totalmente. Artista do verso, sim, porém não se deixou sufocar no mármore frio da arte pela arte, ou no verbalismo de um versejador – emotivo, erótico, vibrante, legou-nos poemas lapidares, no quais a poesia irrompe da forma, incendeia-se o verbo, desencadeia invenções e achados."


"A linguagem de Drummond tem sapatos grandes. Toca o solo fundo da condição humana, sem deixar de trazer à baila toda a indormida mitologia. Sua arte rigorosa é a das coisas findas. Confessando diante do futuro: As coisas findas / muito mais que lindas / essas ficarão."

"Foi o poeta (João Cabral de Melo Neto) que conseguiu ser o maior artista do verso de nossa língua portuguesa – aqui e além. E também o mais regular. Errou menos, acertou quase sempre, alcançando alguns píncaros altíssimos (por exemplo, Morte e Vida Severina, monumento nacional dos nordestinados), jamais descendo ao vale."

"Mario Quintana introduziu na poesia um humor lírico, às vezes evasivo, suficiente, malicioso, inteligente. O humor que ri com seus fantasmas, de quem nunca se libertou, nem quis libertar-se. Sua poesia desde o princípio na imagética é igual. Mudou apenas no tom mais sofrente."


"Feito o balanço, se do Concretismo em si não resultou poesia – tendo sido mais isoladores que condutores da corrente elétrica, na lição de Novalis, o mesmo não se pode dizer antes, ou depois do Movimento, com o salto-conteudístico-participante de Décio (Pignattari) e os irmãos (Haroldo e Augusto de) Campos."


Fonte: Carlos Nejar in História da Literatura Brasileira; 2007.

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