Clarice é hermética, aleatória, de subjetividade contumaz. Há qualquer coisa nela que me incomoda e inquieta. Nunca gostei. Mas há entrechos aqui que merecem registro. Seja pelo lirismo, seja pelo curioso tom de farsa:
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Havia meninos que eu escolhera e que não me haviam escolhido, eu perdia horas de sofrimento porque eles eram inatingíveis, e mais outras horas de sofrimento aceitando-os com ternura, pois o homem era o meu rei da Criação.
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Para que te serve essa cruel boca de fome? Para te morder e para soprar a fim de que eu não te doa demais, meu amor, já que eu tenho que te doer, eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada.
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E eu não soube como existir na frente de um homem.
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Amor é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais.
Fonte: Clarice Lispector in A Legião Estrangeira.
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